Créditos

Porque é que os créditos musicais são importantes: dar reconhecimento a quem merece.

Na indústria musical, os créditos são mais do que apenas nomes em letras miudinhas. Representam o investimento criativo, técnico e emocional envolvido na criação de uma música. Cada engenheiro, produtor, compositor, músico e vocalista desempenha um papel vital, mas, muitas vezes, os seus contributos são negligenciados.

Para nós, que estamos nos bastidores, ter os devidos créditos é a forma como mostramos o nosso trabalho e atraímos futuras colaborações. São o teu cartão de visita. O teu portefolio. Quer seja um músico ou um engenheiro de som, dar crédito a quem o merece é uma forma de respeito — e garante que todos os envolvidos recebem o devido reconhecimento.

Uma retrospetiva: como os créditos eram historicamente rastreados

Back in the day, a monitorização dos créditos era manual e propensa a erros. Durante a era do vinil e da cassete, os créditos eram frequentemente impressos nas capas dos álbuns ou no encarte. Era da responsabilidade da editora discográfica compilar esses créditos, dinamizando com os produtores e, por vezes, com os estúdios.

Os estúdios tipicamente mantinham registos das sessões ou folhas de trabalho que listavam todos os participantes. Embora estes registos fossem cruciais para a distribuição de royalties, nem sempre eram entregues com precisão, levando a omissões ou erros ortográficos que podiam assombrar a carreira de um criador.

Quando surgiram os CD’s, os booklets permitiam créditos mais detalhados. Mas, mesmo assim, os erros eram comuns e, se não fosses diligente, o teu nome talvez nunca seria conhecido além do estúdio. Avançando para a era digital, ainda vemos os mesmos problemas, embora agora tenhamos melhores ferramentas para rastrear créditos.

Quem era responsável pelo rastreio dos créditos?

  • Editoras: Tinham a maior responsabilidade de finalizar e publicar os créditos. Dependiam dos produtores para enviar as informações necessárias, enquanto os estúdios registavam os detalhes técnicos.
  • Produtores: Atuavam como intermediários, garantindo que as contribuições das sessões eram devidamente registadas e passadas para a editora.
  • Estúdios: Mantinham registos das sessões, que eram essenciais, mas nem sempre partilhados ou tratados com precisão.

Quando o rastreio de crédito corre mal: a controvérsia entre Carol Kaye e James Jamerson

Uma das maiores disputas de créditos da história da música envolve Carol Kaye e James Jamerson, dois dos mais lendários baixistas de sempre. As suas contribuições moldaram alguns dos maiores sucessos da Motown e de outros lugares, mas por causa da forma como os créditos eram geridos naquela época, as coisas complicaram-se.

  • James Jamerson era o rei indiscutível do baixo da banda interna da Motown, The Funk Brothers, e tocou em inúmeros hits, incluindo “My Girl”, “Ain’t No Mountain High Enough” e “Bernadette”.
  • Carol Kaye, um membro importante dos The Wrecking Crew, também gravou para a Motown quando usavam estúdios na West Coast e tocou em faixas como “The Way You Do The Things You Do” e “I Was Made to Love Her”.

O problema? Muitas faixas da Motown não têm créditos oficiais claros. Algumas músicas que Kaye diz ter tocado são frequentemente creditadas a Jamerson, e vice-versa. Sem registos detalhados das sessões, isto transformou-se num debate de décadas baseado na memória, entrevistas e até na análise auditiva. Moral da história: acerte nos créditos, ou a história discutirá sobre eles para sempre.

Como acompanhar os créditos agora: uma abordagem simples e moderna

Hoje em dia, não há desculpas para créditos em falta. Embora as grandes editoras discográficas e as plataformas de streaming tenham sistemas mais sofisticados, os estúdios mais pequenos e os artistas independentes podem gerir este processo de forma eficiente. Eis uma forma simples de manter as contribuições de todos documentadas:

Crie um formulário de crédito básico:

Nome do artista/faixa: O título da música ou projeto.

Colaboradores e Funções: Nomes de todos os indivíduos envolvidos, juntamente com as suas funções (por exemplo, engenheiro de gravação, engenheiro de mistura, engenheiro assistente, produtor, compositor, etc).

Informação de contacto: E-mail, telefone ou rede social (opcional, mas útil para correções ou dúvidas).

Podes utilizar um Google Form, uma folha de cálculo ou até um modelo no teu DAW para recolher estas informações no final de cada sessão. Este passo simples pode evitar dores de cabeça mais tarde, quando chegar a altura de finalizar os metadados para um lançamento.

No meu caso em especifico, quando entrego os exports finais vai junto no arquivo um pdf explicativo do que é cada export, juntamente com a informação de como pretendo ser creditado e links para as minhas redes sociais e site. Mais informação sobre os meus exports finais aqui.

Conclusão: Proteger o trabalho e as pessoas que estão por trás dele

A atribuição adequada de créditos é mais do que uma tarefa administrativa — é um pilar da integridade na indústria musical. Como alguém que trabalha nesta área há anos, vi em primeira mão o quão importante é documentar e respeitar cada contributo. Quer seja um artista, produtor ou proprietário de um estúdio, reserva algum tempo para monitorizar os seus créditos. É um pequeno passo que pode fazer uma grande diferença para garantir que o trabalho árduo de todos seja reconhecido.

Written by: Mic