Estrutura & Organização
Eu sou um panco por organização, estética e nomenclatura. Não por causa de OCD (acho eu🤔) mas porque sou distraído/esquecido e ter uma metodologia ajuda-me a encontrar o que preciso de forma mais eficiente.
Já falei aqui de como enviar ficheiros a um técnico de som. Agora vou falar de como eu crio, organizo, exporto, envio ficheiros para clientes e arquivo.
Possivelmente existe alguma norma ou guia internacional, mas nunca encontrei essa informação. Em conversas com colegas e ao passarmos ficheiros uns aos outros, reparo que temos formas de nos organizar diferentes.
Esta é a minha forma
Quando começo uma sessão de gravação crio uma pasta para o Artista e depois no DAW crio a pasta do projecto que se parece assim:
_ 📁 Artista
____ 📁 Título_REC
_______ 📁 Ficheiros enviados pela equipa
_______ 📁 Ficheiros criados pelo DAW
Quando a gravação está terminada faço um ‘save’ e logo de seguida um ‘save as’ Título_REC_edit para começar a editar (acertar tempos, controlar respirações e sibilâncias, etc), depois de editado faço um ‘save as’ Título_REC_edit_tune e passo a afinar caso seja necessário. Após concluir isso tudo faço um ‘save as’ Titulo_REC_edit_tune_import; neste último projecto deixo a sessão preparada para importar na etapa seguinte que é a mistura.
Desta forma tenho control sobre as diferentes etapas do projecto e posso voltar atrás caso seja necessário.
Para misturar
Organizo da seguinte forma:
_ 📁 Artista
____ 📁 Título_MIX (ou Master quando é o caso)
_______ 📁 Ficheiros criados pelo DAW
Enquanto misturo, se já estiver satisfeito mas quero experimentar uma mudança na forma como a voz soa ou tentar alterar a estética de forma mais vincada, faço um ‘save as’ e passa a Título_MIX2 – embora nem sempre aconteça é uma prevenção caso eu vá nadar na maionese e queira voltar ao que estava.
Exports
Depois de eu estar contente com o som e enviar o tema para a equipa escutar, o tema vai com o seguinte aspecto:
Artista X – Título Ft Artista Y [FICHEIRO e formato] (número da versão)
Exemplo prático: Diogo Piçarra – Monarquia Ft Bispo [MASTER 16bits 44.1kHz] (2)
Caso haja edits, faço um ‘save as’ Título_MIX2 (2) no meu projecto e a equipa recebe: Artista X – Título Ft Artista Y [FICHEIRO e formato] (2).
Assim facilita a comunicação entre nós. Imagina que já fizemos 10 edits à musica e no fim o artista diz “esquece, volta para a versão (2) mas mete aquele efeito nos adlibs que tínhamos na versão (6)”. Rapidamente consigo abrir esses projectos e continuar daí.
No final, quando está tudo aprovado, faço outro ‘save as’ Título_MIX2 (2)_exports e procedo a fazer vários exports, nomeadamente:
- [Acappella BPM Escala]
- [Instrumental BPM Escala]
- [Live Backing Track]
- [MASTER 16bits 44.1kHz]
- [MASTER 24bits 96kHz]
- [MASTER MP3 320kbps]
- [MIX 32bits 48kHz]
- [VIDEO 24bits 48kHz]
Estes exports comprimo num .zip que se passa a chamar Artista X – Título Ft Artista Y [Exports].zip, dentro desse .zip vai também um ficheiro de texto a explicar o que são – e para que servem – os ficheiros e também como gosto de ser creditado.
Frequentemente também exporto:
- [Mixed Stems BPM Escala] – contém no mínimo 6 stems (Drums, Bass, Music, FX, Lead Vox e BGV)
- [Mixed Multitrack BPM Escala] – é a mistura do tema exportado por pistas individuais (salvo alguns elementos que podem estar agrupados devido à forma como foram processadas).
Que depois coloco nos seus respectivos .zip. As Stems e Multitrack não têm master.
Arquivo e Backup
Depois de tudo enviado para a equipa – e passado uns meses – arquivo no backup.
Para arquivar eu vou à pasta do projecto e comprimo tudo num .zip, ou seja:
- Artista X – Título Ft Artista Y [Single].zip – um tema solto que misturei e masterizei
- Artista X – Título [Album/EP].zip – caso seja um projecto
- Artista X – Título Ft Artista Y [Master].zip – quando so masterizo um tema, às vezes pedem me pistas a pensar que misturei e assim consigo ver que só masterizei sem precisar de extrair.
O backup são uns HDD que tenho no estúdio e e também um backup para a cloud.
Em 2011/12 um dos meus discos de backups pifou. Felizmente não tinha lá projectos importantes de artistas. Eram projectos pessoais e algumas memórias. Foi aí que aprendi quê: se não tens um backup do backup, na verdade não tens um backup. Mais tarde, em 2014, quando houve um incêndio no prédio onde tinha o estúdio aprendi quê: se tens os dois discos de backup no mesmo prédio que está em chamas, na verdade não tens um backup. Vivendo e aprendendo.
Faz scroll para ver o quão perto estive de ficar sem estúdio.
A minha solução cloud está a fazer backup aos projectos que estão arquivados e também aos projectos que estão a decorrer. Assim, na eventualidade de haver algum azar, os artistas têm os projectos salvaguardados e podem continuar a trabalhar neles noutro estúdio ou com outro técnico. Neste momento estou a usar Backblaze quê – além de armazenamento ilimitado – por um extra, permite guardar versões de ficheiros até um ano. Na prática isto permite ir buscar alterações que tenhas efectuado, ou apagado, ou quando um daqueles ‘save as’ passa a ‘save’ e passado uns meses o artista afinal quer a versão (3) do tema mas com o filtro na bridge que usaste na versão (5) – true story. Este artigo não é por causa do Backblaze mas se quiseres aderir com o meu link https://secure.backblaze.com/r/04c2fk ganhas um mês grátis e eu também!
NÃO SEJAS ESTA PESSOA.
Ter uma estrutura dá te uma confiança no que fazes e essa confiança passa para as pessoas com quem trabalhas. Não faço questão que a minha organização seja a norma, quero mostrar a minha organização para que te sirva de inspiração a organizares-te também.
Se formos todos consensuais e consistentes acho que mostra profissionalismo e boa vontade. Sempre que tenho de enviar ficheiros a um colega tento dar os nomes bem a tudo e passar o máximo informação possível. Mostra brio.
Pelo menos, eu sei que eu fico todo contente quando recebo tudo direito e é só importar e começar a trabalhar.